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Qual será o futuro dos fretes internacionais?

Em dezembro de 2020, importadores de várias partes do mundo começaram a sofrer os impactos de uma situação que duraria semanas: a alta estratosférica dos fretes de importação da Ásia e a escassez de contêineres e de espaço em navios para o transporte de suas cargas.

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Como tudo começou?

Tudo começou devido à pandemia de Covid-19, que, inicialmente, diminuiu o volume do comércio internacional, levando armadores a suspender algumas linhas marítimas de menor expressão e a cancelar escalas de navios em determinados portos, por motivos financeiros e operacionais.

Além de ocasionar a diminuição de espaço disponível nas embarcações, tal situação afetou o equilíbrio da distribuição mundial de contêineres, que com muita dificuldade retornavam aos territórios onde seriam mais necessários. A própria disseminação da doença contribuiu para isso, pois acometeu muitos trabalhadores e prejudicou as operações em navios e em terminais, atrasando o processamento (inclusive em portos de transbordo) e a liberação das cargas e, consequentemente, a devolução dos equipamentos.

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Estrutura logística e a alta dos fretes

Em razão disso, quando a demanda do Ocidente por produtos fabricados na Ásia começou a se recuperar, puxada principalmente pelo consumo de produtos médicos e bens de utilização doméstica, não havia uma estrutura logística adequada para atendê-la. Os valores de frete marítimo para exportações da Ásia se multiplicaram – no caso do Brasil, chegando a aumentar mais de 300% no período de um ano. Em adição aos fretes altos, os armadores passaram a cobrar também taxas adicionais, de algumas centenas de dólares, à título de garantia de reserva de praça e alocação de equipamento.

Vale lembrar que há outros elementos que influenciam o preço do frete marítimo, como custos de terminais, afretamento dos navios, contratação de embarcações feeder e transporte terrestre, combustível e alta temporada em determinas rotas, por exemplo. Esses dois últimos fatores, inclusive, têm encarecido embarques da Europa para o Brasil desde de fevereiro deste ano.

O frete aéreo também sofreu com aumentos inesperados e em períodos de tempo muito curtos, devido ao cancelamento de voos de passageiros – onde é transportada a maior parte da carga aérea – e a frequente necessidade especial de transporte de produtos relacionados ao combate da Covid-19.

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Feriado chinês e o agravamento da situação com as paralizações de atividades econômicas

A chegada do Ano Novo Lunar – neste ano comemorado em 12 de fevereiro – ajudou a prolongar essa grave situação. Isso porque a dificuldade para obter espaço e os fretes altos já são características do período anterior ao feriado, devido à paralisação das atividades econômicas na China e em outros países asiáticos durante as comemorações. Naquele momento, os valores de frete alcançaram seu ápice, chegando a números de cinco dígitos, e ainda havia muitas dúvidas sobre o que aconteceria em seguida.

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O retorno da esperança para os importadores brasileiros

Para alívio dos importadores brasileiros, o frete internacional vem sofrendo quedas desde a volta do feriado chinês, especialmente o frete marítimo, que tem caído centena por centena a cada nova atualização dos armadores.

Algumas medidas foram tomadas para normalizar a situação, como o retorno em massa de contêineres vazios para Ásia, a utilização de navios extra-loaders e a não muito agradável diminuição no número de dias de free detention e free demurrage concedidos pelas companhias marítimas.

Espera-se que a tendência de queda nos fretes da Ásia se mantenha pelo menos até a primeira quinzena de abril. Desde meados de março, fala-se em aplicação de um aumento geral nas tarifas, mas observamos que, se for uma intenção real dos armadores, ela tem sido adiada. Atualmente, os fretes já estão em um nível mais próximo ao que eram no início desta crise. E, embora tenha sofrido uma leve pressão na semana final de março, a expectativa é também de regularidade na oferta de espaço e equipamentos.

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Qual o impacto gerado pelo acidente com o navio-cargueiro Ever Given e o que esperar para o futuro dos fretes internacionais?

Mais recentemente, o bloqueio causado pelo navio MV Ever Given no Canal de Suez gerou temores de novas altas no frete marítimo. Os atrasos nas viagens de dezenas de embarcações, que estão paradas aguardando passagem ou desviaram suas rotas para caminhos mais longos, geram custos para os armadores e devem gerar futuramente congestionamento nos portos europeus e novos problemas na distribuição de contêineres. De fato, há indícios de aumento nos custos do transporte entre Ásia e Europa nos últimos dias, especialmente no tocante ao transporte de petróleo. Porém, os possíveis impactos na cadeia logística global ainda permanecem no âmbito especulativo, tendo em vista que nem se sabe ao certo quando o problema será solucionado. Pode ser questão de poucos dias ou – torcemos para que não – de semanas.

Conteúdo construído por:

Mery Jane (Pricing 3S CORP)

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